Pioneiro em Niterói, o método Wolbachia contra arboviroses motiva encontro em Curitiba
A secretária municipal de saúde de Niterói, Anamaria Schneider, foi uma das convidadas do Encontro “10 anos de implementação do método Wolbachia no Brasil”, promovido no dia 30/10, em Curitiba, com a presença de representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde. Niterói foi pioneira ao receber, em 2012, o projeto piloto do Wolbachia em Jurujuba, junto com o bairro Tubiacanga do Rio de Janeiro.
"(Participar dentre Encontro) foi um momento especial onde pude apresentar os bons resultados de Niterói, como a redução de 69% nos casos de dengue após a implantação do método. Nossa cidade foi a primeira a completar o ciclo de soltura (2015 a 2023) dos mosquitos com Wolbachia e hoje colhe os frutos desse projeto inovador", afirmou a secretária. Com a inserção da bactéria Wolbachia no Aedes aegypti, os vírus não se desenvolvem bem, reduzindo a capacidade de transmissão das arboviroses, como dengue, chikungunya e zika.
Em maio, foram divulgados os resultados de redução de arborivoses em Niterói: 69,4% a menos dos casos de dengue, 56,3% dos de chikungunya e 37% de zika.
Anamaria ainda aproveitou a oportunidade para visitar a obra da Biofábrica da Wolbito que está sendo construída na área do Parque Tecnológico da Saúde de Curitiba que vai ampliar essa tecnologia por todo o país. A previsão é que ao longo de 10 anos de atividade da Biofábrica, aproximadamente 140 milhões de brasileiros possam ser beneficiados, em diversos municípios, com a maior automação e produção em larga escala destes mosquitos.
Sobre o programa - O Método Wolbachia é uma iniciativa sem fins lucrativos do World Mosquito Program (WMP). No Brasil, o trabalho é conduzido pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não está presente no Aedes aegypti. Uma vez que os mosquitos com esta bactéria são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos que não transmitem essas arboviroses. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam o microrganismo aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
O monitoramento tem revelado o estabelecimento da Wolbachia superior a 90% em relação ao Aedes transmissor da dengue.
Custo-efetividade da tecnologia - Em pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) e Fiocruz, divulgada na revista The Lancet Regional Health, estimou o custo deste método no controle da dengue, considerando os resultados de Niterói, além de e São Paulo (SP), Fortaleza (CE), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG) e Manaus (AM). O modelo projetou que, com a implementação do método Wolbachia, seriam evitados pelo menos 1.295.566 casos de dengue. Em média, para cada 1.000 habitantes acompanhados por 20 anos, o Método Wolbachia gerou uma diferença de custo de US$ 538.233,68 (R$ 2.691.168,40) e evitou 5,56 anos de vida perdidos por incapacidade. O saldo final (chamado de benefício monetário líquido) foi positivo em todas as sete cidades, variando de US$ 110,72 (R$ 553,59) a US$ 1399,19 (R$ 6.995,95) por habitante, o que sugere um cenário favorável à incorporação do método.
Mais do que todo esse custo economizado no setor público, a preocupação com a saúde é determinante para redobrar a vigilância, vide que Niterói já enfrentou epidemias, como a de 2008, em que muitas pessoas morreram por complicações da dengue, sobretudo na sua vertente hemorrágica. Os resultados positivos do Método Wolbachia indicam, portanto, que estamos progredindo no amparo e proteção da população niteroiense. "Seguimos firmes no combate às arboviroses!", comemorou a secretária Anamaria desde Curitiba.
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