O líder quilombola José Alberto Moreno Mendes, conhecido como Doka, foi assassinado a tiros em frente de casa no interior do Maranhão. O crime ocorreu no município de Itapecuru-Mirim (MA), a 120 km da capital São Luís, e provocou pedidos de justiça dos movimentos populares.
Segundo a Polícia Civil, Doka estava perto de casa, quando dois homens de moto se aproximaram e atiraram cinco vezes contra a vítima. Três disparos atingiram a cabeça, e o líder quilombola morreu no local.
Doka era presidente da Associação de Moradores do Quilombo Jaibara dos Rodrigues e membro da Comissão do Território e do Conselho Quilombola da União das Comunidades Negras Rurais Quilombolas de Itapecuru-Mirim (UNICQUITA).
O Maranhão divide com Rondônia o ranking de estados com mais mortes em conflitos no campo registradas em 2022, ambos com sete vítimas cada. Os dados são do relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Movimentos cobram investigação
Em nota, o Centro de Cultura Negra do Maranhão disse que o “assassinato brutal” foi cometido por “dois pistoleiros” e cobrou apuração do crime. “Que a justiça seja feita e que a paz prevaleça”, afirmou a organização.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se solidarizou aos amigos e parentes de Doka. “O Maranhão se consolida enquanto um dos estados mais perigosos para trabalhadores e trabalhadoras do campo e essa realidade precisa mudar. Cobramos medidas emergenciais!”, declarou o Movimento.
SSP diz que conduziu perícia no local do crime
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Maranhão informou em nota que a Polícia Civil iniciou investigação e trabalha para elucidar o crime. Segundo o órgão, o corpo de Doka deu entrada no Instituto Médico Legal na noite de sexta (27) e foi liberado para a família na madrugada de sábado (28).
“Equipe do Instituto de Criminalística (Icrim) foi enviada para Itapecuru, para realizar a perícia em local do crime, a fim de sejam colhidas o máximo de provas que contribuam com a investigação e completa elucidação do assassinato e prisão dos envolvidos”, afirmou a SSP do Maranhão.
“Não podemos mais admitir”, diz deputado
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse em uma rede social que o governador do Maranhão, Carlos Orleans Brandão Júnior (PSB), determinou a ida do secretário estadual de segurança pública, Mauricio Martins, ao local, para “esclarecer imediatamente e prender os executores”.
Julio Mendonça (PCdoB), deputado estadual no Maranhão, reforçou os pedidos de investigação. “Não podemos mais admitir que casos de violência como esse aconteçam. Estamos solicitando investigação e providências junto à secretaria de segurança do estado, para que os culpados sejam identificados e punidos”, declarou.
Fonte: Brasil de Fato
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