Desde a conquista do Globo de Ouro pela atriz Fernanda Torres, na madrugada de segunda-feira (6), a casa locada para as gravações do longa “Ainda Estou Aqui” passou a atrair a atenção de fãs e curiosos. Localizada na esquina da Avenida João Luiz Alves com a Rua Roquete Pinto, no bairro da Urca, zona sul do Rio, a residência se destaca entre as demais. Agora, as calçadas próximas reúnem turistas em busca de fotos.
A paulista Nicole Alves veio a turismo para o Rio junto com a família e aproveitou o passeio pela Urca para conhecer a casa. A analista de planejamento comercial gostou do prêmio recebido por Fernanda Torres. “É bom e a gente ganha bastante visibilidade É o nosso país e a nossa arte nacional para o mundo inteiro”, contou à reportagem da Agência Brasil na calçada em frente à casa.
“A gente acaba se sentindo dentro do filme de alguma forma. Eu ainda não assisti, mas tenho certeza que quando assistir vou poder visualizar melhor por ter estado aqui”, concluiu.A musicista Lívia Savini, de 22 anos, que morou com a família na casa entre setembro de 2019 e dezembro de 2022, considera a transformação em ponto turístico algo inusitado e engraçado. “É muito legal que as pessoas se identifiquem com esta casa e com os vídeos que a gente postou com a família. Acho muito especial ver tantas pessoas que também se apaixonaram pela casa e que falem sobre isso e mais ainda sobre esse filme que é importante; um grande filme que merece todos os prêmios que puder”, afirmou, incluindo neles a campanha a favor do Oscar para a produção e para Fernanda Torres.
O filme “Ainda Estou Aqui” mexeu com as memórias de Lívia. Ela conta que ao ver o longa as lembranças se misturaram trazendo novas sensações e um grande impacto. “Foi gigante por várias coisas. Primeiro, um filme maravilhoso desse feito na nossa casa. Eu e minha família somos fãs do Walter Salles [diretor], da Fernanda Torres, do Selton Mello. Um filme com essas pessoas já era uma coisa que a gente ficou com muita expectativa, mas o impacto da história tão importante para o Brasil, tão importante para a memória política do Brasil.´É muito importante. Pareciam as nossas memórias retratadas na tela, porque parecia uma tradução literal. Os momentos da família ali dentro, pareciam os momentos que a gente viveu lá. O impacto foi triplicado”, disse à Agência Brasil.
“Tenho memórias maravilhosas da casa. A gente viveu bons momentos lá. É uma casa muito boa de se morar, muito acolhedora”, completou.
Rio de Janeiro - A analista de planejamento comercial, Nicole Alves, posa em frente à casa que serviu de locação para o filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles. Foto:Tomaz Silva/Agência Brasil
Pandemia
A vida familiar naquele local ficou mais intensa no período da pandemia. Por causa do lockdown, ficavam 24 horas juntos, todos os dias. “Aquela era a melhor casa na época da pandemia porque é espaçosa”, revelou, acrescentando que neste período também tiveram a tristeza da perda do avô com covid-19.
A casa é simbólica para a jovem musicista. É o local onde compôs as primeiras músicas. Lívia, que já participou de bandas, agora, está focada em um trabalho autoral a ser lançado nas plataformas digitais no meio deste ano.
“É muito irônico, porque o nome do trabalho é "Ruínas" e fala exatamente dessa relação entre o amor e as construções do amor. Sobre quais construções permanecem por causa do amor e como o amor eterniza memórias em construções. Como fiz essas composições na casa, que teve esse filme com o qual todo mundo se conectou, de uma certa forma, eternizou a memória da minha família, eternizou a memória da Eunice Paiva e dessa família. Para mim está tudo conectado. Cada vez mais percebo como o cinema, a música, a arte e a história estão todos conectados”, pontuou.
Foi ali também, onde morava com o pai Ricardo, a madrasta Juliana, e uma irmã Ornela, que nasceu Cecília, a sua irmã mais nova, que completará cinco anos em fevereiro. “Eu fiz um vídeo que viralizou e em muitas dessas memórias está a minha irmãzinha bebê, crescendo. Foi muito bom poder curtir com ela”, destacou, informando que os vídeos da família atingiram 1 milhão de visualizações no TikTok e 400 mil no Instagram.
“Viralizou. Foi outra loucura e todo mundo comentando sobre a casa, dizendo ‘casa maravilhosa, quero morar lá, amei esse filme. Como foi para vocês?’. Foi muito grande o choque para a gente”.
Quando soube que a casa seria usada para uma produção cinematográfica, o que foi uma surpresa, Lívia já tinha se mudado de lá com a família para o bairro de Ipanema, também na zona sul. Não chegou a assistir às filmagens, mas antes das gravações começarem pôde notar mudanças na parte externa do imóvel. A pintura foi envelhecida, as varandas fechadas, o portão elétrico foi retirado. Isso até revoltou os ex-moradores até que souberam por uma atriz amiga da irmã que as mudanças eram para o imóvel abrigar cenas de um filme que ela faria parte do elenco, mas sem contar qual era.
Venda
A casa agora está à venda a partir de R$ 13,9 milhões. O corretor Marcelo Dias disse que estão analisando duas propostas. “Hoje ela está totalmente modernizada e os proprietários estão concluindo as melhorias e totalmente diferente das filmagens. Eles a adaptaram para a década de 1970. Internamente, continua linda, e externamente mais ainda”, completou à Agência Brasil no jardim da casa, informando que o imóvel foi locado por um ano e meio para a produção.
“Achei fantástico. Eu a conheci antes, durante e depois. Achei belíssima a produção, de bom gosto e originalidade. Foi muito legal. Agora virou ponto turístico. No momento é a casa mais visitada, entre aspas, do Brasil e do mundo, porque as pessoas quando vão para Hollywood, por exemplo, querem visitar a casa de famosos. Então, hoje aqui temos uma casa famosa”, contou o corretor.
Fonte: Agência Brasil Foto: Tomaz Silva
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